Thursday, February 07, 2013

Da próxima vez...


Lembro-me, como se fosse ontem; aquele nosso primeiro encontro, onde percebi que algumas pessoas logo que se veem, concluem que afinal se conhecem desde sempre.

Lembro-me dessa amizade bonita, nascida apenas do gosto das palavras trocadas e das procuras partilhadas e amadurecida nas viagens olhos-nos-olhos, pelas paisagens interiores de cada um.

Lembro-me dos teus receios e apesar da consciência te recordar que tinha sido a outro que tinhas prometido estar nas horas boas e nas horas más, indagavas-te como seria nas horas indiferentes, que eram quase todas.
Eras alguém com vontade de usar a tua vontade e não a vontade dos outros.

Muito tempo, entretanto, passou até que nos libertássemos das “amarras” e conseguíssemos viver ... juntos.
Quando esse tempo chegou, foram momentos intensos, quase irreais, em que demos largas à intimidade dos nossos corpos, porque tudo teria sido imensamente incoerente se o corpo não tivesse participado naquela evidente ternura que, havia muito, tínhamos para dar.

Depois subitamente terminou.... sem acusações, sem raiva ou despeito, como se tivéssemos entrado na vida um do outro com a função de mostrarmos que a vida é viver e não apenas existir.

Senti mágoa, muita mágoa.
Mágoa porque não percebi, então, porque te afastavas.
Agradeceste-me por te ter “acordado” mas desfizeste o nosso duo, saíste, desapareceste e eu também não porfiei por te encontrar.

Lembro-me de uma daquelas últimas mensagens que me enviaste, cheia de alusões ao livro que juntos lemos; “faz-me falta essa tua ousadia no deserto da noite que agora atravesso. Fazes-me falta !!!”
Já não respondi, e assim ficou.... 

Gostaria de ter podido responder-te com as palavras da música, que ainda ouvimos juntos, e que adoptei como nossa:
 «Da próxima vez, não vás, sem deixar destino ou direção.
Se houver próxima vez....»

No comments: