Thursday, December 06, 2012

Coragem de não mudar.



Não sei se sou corajoso.
A História ensinou-me que os atos heróicos só aparecem nas catástrofes ou nas guerras.

Sei que já tive um ou outro desaire na minha vida,
e embora, não tenha sido nenhum cataclismo,
foram sem dúvida insucessos que vivi.
De repente descobri que nem tudo é tão simples como pensava.
Realizei que "sempre" e "nunca" são palavras demasiado definitivas na vida.

Talvez aí, a coragem que tive foi a de saber sofrer quando foi tempo de sofrer.
Fazer a catarse quando senti que necessitava de me libertar dos fardos que me vergavam.
Não tentei olvidar porque sei que tentar esquecer é meio-caminho para me continuar a lembrar.
Nada grava tão fortemente algo na nossa memória como o desejo de o esquecer.

No imediato a seguir a essa batalha perdida,
pensei que tinha de mudar.
Mudar algo de mim, porque alguma coisa falhara e estaria errada em mim.
Só depois concluí que não estava errado,
que nunca iria mudar,
que apenas iria deixar de ser eu, para ser outra coisa qualquer;
um modelo híbrido, feito à medida e com o intuito de agradar a outrem.
Não mudei, não mudo, ninguém muda.
Jamais poderia sair da minha individualidade,
do entalhe e do molde que a minha vivência e  personalidade construíram e firmaram.
Coragem, muitas vezes, é afinal, não mudar.

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Paulo Gonçalves Ribeiro
© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto
(Ilustração/imagem: Encontrada na Internet)

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