Thursday, December 11, 2008

O riso de Deus


A notícia irrompeu do ecrã do televisor. “Morreu hoje aos 81 anos Alçada Baptista, o escritor dos afectos como era denominado”.Ouvi-a assim; inesperada, chocante, sentindo-a intrujona por não a querer acreditar; Morreu, fisicamente, um, se não mesmo, “O” meu escritor preferido.
“Descobri Alçada Baptista através de alguém que ao aferecer-me “O riso de Deus” me disse à laia de dedicatória; “ Este livro é a tua cara”.Renitente, lá fui dizendo que não faria o meu género porque não sou religioso e ando até perto de ser Ateu. Melhor informada, essa amiga, retorquiu-me que Alçada tinha justificado o título ao imaginar Deus a olhar-nos e a indagar-se: "Que é que estes tipos estão a fazer com a liberdade que eu lhes dei ?, Nem tempo há para amar”.E foi o ponto de partida para (quase) toda uma obra que me dediquei a descobrir e de onde, além do "Riso ..." coloco entre os melhores, "O tecido de Outono" e "Os nós e os laços".

Do principal personagem, de “ O Riso de Deus”; cito esta frase que se adequa ao momento : “ (...) eu estou conformado com a minha morte, mas tenho pena de muitas coisas que aprendi e que, nesse dia, se vão escoar pelas frinchas do meu caixão “
Quase adivinho que Deus, nesta altura, olhando-nos, diria por entre um mal disfarçado riso ; " Ficaram mais pobres vocês aí em baixo ... fico mais "rico" eu aqui em cima"

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